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02 June 2008

Ocupação da Reitoria da UFMG: vitória dos Estudantes!



, um verdadeiro aparato de guerra, composto de 15 viaturas, 40 policiais fortemente armados e até um helicóptero, foi mobilizado contra estudantes, professores e servidores técnico-administrativos, levando à prisão de um estudante do IGC e agressão de uma aluna de medicina, que levou quatro pontos na cabeça.

A PM diz que invadiu o campus da UFMG porque foi chamada pelo reitor. A Reitoria nega, mas, por omissão ou má-fé, é culpada. E o reitor foi obrigado a reconhecer esse erro, pela força da mobilização dos estudantes e dos protestos da comunidade acadêmica.

O autoritarismo e o desrespeito às liberdades democráticas não são uma novidade na UFMG. Não é por acaso que sete estudantes estão sendo indiciados pela Reitoria por terem participado de manifestações em defesa de uma assistência estudantil pública e digna. Apesar de os estudantes terem direito à manifestação, atualmente estão sendo tratados como criminosos por discordarem da política de desmonte da universidade pública, praticada pela Reitoria, acusados de coisas que não fizeram. Um deles, por exemplo, nem sequer estava presente à manifestação pela qual está sendo indiciado, num flagrante desrespeito. Além disso, os fatos relatados pela Reitoria no processo são forjados e mentirosos.

Em todos os atos e demais manifestações acontecidas no campus, agentes de “segurança” fotografam e filmam os participantes, ao molde das práticas da época da ditadura militar, até mesmo sendo os estudantes identificados denunciados publicamente em uma das assembléias do movimento.

Uma das conquistas mais importantes durante a ocupação foi a o Conselho Universitário ter aprovado que o reitor deverá ir pessoalmente ao governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves, para pedir o arquivamento do processo contra o estudante preso no IGC, e que a universidade deve encaminhar abertura de inquérito na Corregedoria de Polícia e a realização de audiências públicas com o reitor, mensalmente.

Essa mobilização segue os exemplos das ocupações ocorridas no ano passado na USP, Unicamp, UFC, UFBA, UFRJ, UFF, Ufal, entre outras, e, recentemente, a ocupação da UnB.

A mobilização dos estudantes, com o irrestrito apoio de professores, obrigou a que o reitor Ronaldo Pena e a vice-reitora Heloísa Starling tivessem de prestar esclarecimentos a todos os presentes na ocupação sobre a invasão da UFMG pela polícia. A sessão do Conselho Universitário teve que ser transmitida ao vivo, do auditório da Reitoria, para quem quisesse conhecer os seus representantes, antes personagens de um mistério.

Essas conquistas podem ser ampliadas. Os estudantes demonstraram não mais aceitar pagar uma semestralidade numa universidade pública como desculpa para financiar a política de assistência estudantil. O bandejão da UFMG é um dos mais caros do país, a moradia também é muito cara e de difícil acesso, e, além do mais, as bolsas da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), em sua maioria, têm de ser pagas depois de o estudante formado, e a Fump lucra ano após ano.

Por isso, os estudantes decidiram manter-se organizados e mobilizados, intensificando as medidas, adotadas pelos centros e diretórios acadêmicos, de ingresso de ações na Justiça para não pagar mais a abusiva semestralidade, e a garantia, pelo Estado, do direito à educação publica, gratuita e de qualidade.

Matheus Malta, estudante de Ciências Sociais da UFMG e militante da UJR

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